O papa Francisco anunciou neste domingo (9) a escolha de 17 novos cardeais, entre eles um brasileiro, o arcebispo de Brasília, dom Sergio da Rocha, 56, que também é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Nascido em Dobrada (SP), município com menos de 10 mil habitantes na região de Araraquara, foi seminarista no interior paulista, em São Carlos e Campinas, ordenando-se padre em 1984.
Antes de se tornar bispo, dom Sergio passou a maior parte de sua carreira como religioso em São Carlos, atuando como pároco e professor de filosofia e teologia moral –área na qual concluiu seu doutorado na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma–, com especial atenção a áreas como a Pastoral da Juventude.
Nomeado bispo auxiliar de Fortaleza pelo papa João Paulo 2º em 2001, tornou-se arcebispo de Teresina seis anos depois e foi para a arquidiocese de Brasília em 2011.
Apesar dos anos no Nordeste e no Distrito Federal, ainda fala com perceptível sotaque do interior paulista.
Por enquanto, o papa Francisco preferiu não oferecer o chapéu cardinalício ao atual ocupante da arquidiocese de Salvador, dom Murilo Krieger.
A capital baiana é a mais antiga sede da Igreja Católica no país, e o arcebispo responsável por ela tradicionalmente recebe o título honorífico de “primaz do Brasil”, uma espécie de “irmão mais velho” dos bispos brasileiros.
O pontífice argentino, no entanto, nem sempre tem seguido o costume de transformar em cardeais os líderes das dioceses mais antigas e prestigiosas. No caso dos EUA, por exemplo, arquidioceses tradicionais, como Los Angeles, também não “ganharam” cardeais ainda.
Dos 17 cardeais que serão oficializados no próximo consistório, dom Sergio e outros 12 têm menos de 80 anos de idade, o que significa que poderiam votar durante um conclave (o processo de eleição de um papa).
Os outros quatro são uma espécie de “cardeais eméritos”, escolhidos como forma de destacar seu papel relevante na história recente do catolicismo (embora, em tese, também possam receber votos em conclaves).
Entre eles, destaca-se Ernest Simoni Troshani, 87, padre da Albânia que enfrentou a perseguição comunista aos católicos e passou quase 30 anos num campo de trabalhos forçados.
Antes da escolha de dom Sergio, o Brasil tinha dez cardeais, dos quais quatro têm menos de 80 anos.
Lista de novos cardeais tem nomes de regiões sem peso na igreja
Ao anunciar a escolha de 17 novos cardeais, o papa Francisco manteve a tendência de indicar representantes de regiões do mundo todo, muitas das quais tradicionalmente tinham menos peso na hierarquia da Igreja Católica. Além disso, decidiu honrar membros do clero dos EUA mais alinhados com seu perfil moderado.
Os bispos escolhidos pelo papa argentino se tornam oficialmente cardeais –membros do seleto grupo de prelados que elegem um novo papa e podem assumir esse cargo– no dia 19 de novembro, no chamado consistório (a reunião de todos os membros do grupo cardinalício).
Da nova lista, 11 vêm de regiões que nunca tinham abrigado um cardeal antes. É o caso de nomes como Patrick D’Rozario, arcebispo de Dacca (Bangladesh), e Dieudonnè Nzapalainga, arcebispo de Bangui, na República Centro-Africana. Há ainda representantes de Papua-Nova Guiné e das ilhas Maurício.
Em termos nacionais, porém, o maior destaque são os EUA, que sob Francisco ainda não tinham ganhado novos cardeais e agora têm três. Os arcebispos Blase Cupich (de Chicago) e Joseph Tobin (Indianápolis), bem como o bispo Kevin Farrell (Dallas), são considerados mais centristas, que tentam equilibrar preocupações sociais com questões como o aborto. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 19225