Pouco antes de Gênio Indomável estrear nos cinemas em dezembro de 1997, Matt Damon comprou duas mochilas no Walmart. Os rumores sobre o filme haviam aumentado. O produtor do filme, Harvey Weinstein, traçava uma campanha de premiação para o longa, e Damon repentinamente passava muito tempo em quartos de hotel, com acesso a quartos bem equipados e serviço quatro estrelas.
Como praticamente qualquer perfil de Damon mostrará, o jovem encrenqueiro de 27 anos nascido em Boston havia desperdiçado a década antes de alcançar sucesso em Hollywood. E então, apenas 6 meses após a estréia do filme Gênio Indomável ele precisaria daquelas mochilas para passar mais noites em quartos de hotel enquanto promovia O Resgate Do Soldado Ryan, um épico de Steven Spilberg que lhe garantiria mais uma participação na cerimônia do Oscar.
Este contraste – entre a mochila do Walmart e os tapetes vermelhos ao lado de Spilberg – sintetiza seu padrão de narrativas como astro do cinema: um forasteiro empenhado vai para Tinseltown, dorme em apartamentos baratos, faz bicos para pagar as contas e aceita qualquer papel que possa encontrar, na esperança de atingir de alguma maneira a assim chamada grande chance. É o sonho americano, entregue à população por meio de histórias marcantes e embalado para as telonas de todo o país.
E foi essa a narrativa que, 20 anos atrás, em conjunto com o Oscar que ele e Ben Affleck ganharam por seus roteiros em Gênio Indomável, transformou o pouco conhecido Damon no primeiro típico garoto bonzinho – uma imagem que o definiu, sem falhas, até que o escândalo da má conduta sexual de Weinstein e algumas gafes despercebidas redefiniram a persona de Matt Damon que há muito aceitamos. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 54816