Os social-democratas alemães anunciaram oficialmente nesta sexta-feira os nomes de seus ministros no novo governo de Angela Merkel, com Olaf Scholz na pasta das Finanças, poucos dias antes da eleição oficial da chanceler para um quarto mandato.
A chanceler alemã se viu obrigada a fazer importantes concessões ao Partido Social-Democrata (SPD) na distribuição dos ministérios, única maneira de conseguir uma repetição da aliança após seis meses de incerteza, situação provocada pelas eleições de 24 de setembro – quando os conservadores de Merkel registraram o pior resultado desde 1949.
O SPD comandará seis ministérios, com três homens e três mulheres.
A designação de Olaf Scholz para o ministério das Finanças, no lugar do conservador Wolfgang Schäuble, foi confirmada oficialmente pelo SPD nesta sexta-feira.
Prefeito de Hamburgo, Scholz, de 59 anos, também ocupará o importante cargo de vice-chanceler.
Analistas acreditam que Scholz, um social-democrata moderado, permanecerá fiel à rigorosa política orçamentária adotada por seu antecessor durante 10 anos.
A designação de Heiko Maas, 51 anos, como ministro das Relações Exteriores foi divulgada na quinta-feira. Até então ele era ministro da Justiça.
A futura presidente do SPD Andrea Nahles comemorou a nomeação de Maas – ativista contra o racismo e triatleta – por considerar que ele é a pessoa ideal para o cargo, no momento em que a Alemanha é solicitada com frequência como mediadora no mundo atual.
A atual ministra da Família Katarina Barley, de 49 anos, vai para a pasta da Justiça, enquanto o ex-secretário-geral do SPD Hubertus Heil, de 45 anos, volta ao ministério do Trabalho e Assuntos Sociais.
É uma boa equipe, com pessoas de alto nível de experiência, afirmou Olaf Scholz.
Svenja Schulze, de 49 anos, dirigirá o ministério do Meio Ambiete, enquanto Franziska Giffey, de 39 anos, prefeita de um distrito de Berlim, assumirá a pasta da Família.
Os outros ministros, que também já foram anunciados, pertencem ao Partido Democrata Cristão (CDU) da chanceler e a seu aliado, o partido regional bávaro CSU.
Mas a CDU terá pastas consideradas secundárias, descontando a da Defesa, que permanecerá sob o comando de Ursula von der Leyen. Essa decisão valeu muitas críticas internas a Merkel.
Por esta razão, teve que ceder o Interior ao aliado bávaro, promovendo uma guinada à direita em questões de imigração e identidade.
O presidente da formação, Horst Seehofer, dirigirá o ministério, que também se encarregará de questões relacionadas à Pátria, em um gesto ao eleitorado seduzido pela extrema direita.
Na CDU, a Merkel teve que concordar em promover à Saúde seu principal opositor, Jens Spahn, para acalmar a raiva da ala dura do partido. Uma de suas próximas, Julia Klöckner, assumirá a Agricultura.
Na quarta-feira, a maioria na Câmara dos Deputados deverá eleger Merkel como chanceler.
O quarto mandato de Merkel se anuncia como o mais difícil porque sai enfraquecida pela crise migratória e pela turbulência política nos últimos meses.
O debate sobre sua sucessão já está aberto na CDU e o contrato de coalizão prevê uma cláusula para analisar o curso da aliança dentro de dois anos.
É possível que a coalizão não dure quatro anos, confiou um assessor da chanceler que pediu anonimato.
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