Os democratas americanos estavam eufóricos nesta quarta-feira (14) depois de terem sido declarados vencedores em uma eleição legislativa parcial na Pensilvânia, um reduto republicano, o que segundo eles simboliza a decepção dos que votaram em Donald Trump para presidente.
Ainda não se sabem os resultados oficiais nesta 18° circunscrição da Pensilvânia, mas na noite desta terça-feira, o democrata Conor Lamb declarou sua vitória. Ainda faltavam contar milhares de votos enviados por correspondência, mas levava 0,2% de vantagem em relação ao republicano Rick Saccone.
A participação nesta eleição foi relativamente elevada e isso se deve a muitos fatores.
A eleição foi considerada um teste para Trump, cuja presidência continua salpicada por várias demissões e renúncias, e que ao mesmo tempo tomou medidas econômicas para ajudar as indústrias metalúrgicas em decadência, que já foram fonte de riquezas neste lugar localizado ao sul de Pittsburgh, antiga capital siderúrgica.
A pouco tempo das eleições de meio de mandato, a dinâmica a favor dos candidatos democratas é indiscutível, disse o presidente do partido Democrata, Tom Perez. Nada deterá os democratas. A Pensilvânia é só começo.
Em 6 de novembro serão celebradas as eleições de meio de mandato, que serão renovados os 435 assentos da Câmara de Representantes por dois anos e um terço (35 assentos de 100) do Senado por seis.
Atualmente, as duas câmaras do Congresso estão nas mãos dos republicanos, mas o partido do presidente teme uma derrota como a do ex-presidente Barack Obama em 2010.
O que escutam é um ruido de uma onda azul iminente, disse Bradley Beychok, presidente da organização pro-democrata American Bridge. Os resultados da Pensilvânia anunciam uma catástrofe para os republicanos em novembro: se não chegam a ganhar em um ex-reduto republicano, nenhuma circunscrição está a salvo.
– Sinal de alarme –
Os democratas querem acreditar que a instabilidade permanente na Casa Branca e a personalidade do presidente provocam o afastamento dos eleitores. Nos últimos dias, vários colaboradores próximos de Trump renunciado ou foram demitidos pelo mandatário, sem contar o chefe da diplomacia Rex Tillerson, demitido na terça-feira.
Mas os democratas podem não reproduzir o feito da Pensilvânia em todo o país.
O presidente é popular aqui, disse Lamb na quarta-feira à rede CNN. Mas enquanto fazemos a campanha na vida real, essas divisões desaparecem. Conheço gente que votou no presidente e em mim, acrescentou.
Lamb é uma democrata conservador: se opõe a reforçar as leis sobre o controle de armas, rejeita a prática do aborto e é a favor da imposição de tarifas sobre o aço e o alumínio, concordando com o anúncio feito por Trump ma semana passada.
O democrata é um reflexo dos habitantes de sua circunscrição. Muitos são da classe trabalhadora: aliados aos sindicatos locais, vinculados com as históricas lutas econômicas e sociais dos democratas em saúde, emprego e salários.
No entanto, Lamb não está alinhado à ortodoxia cultural democrata. Rejeitou prestar lealdade à líder dos democratas, Nancy Pelosi, uma ultra-progressista de San Francisco, nada querida pelos republicanos.
Enquanto os democratas continuam apoiando candidatos que representam de forma exata os eleitores, temos uma verdadeira oportunidade de conquistar e conservar circunscrições moderadas em todo o país, comentou Kurt Schrader, líder dos parlamentares democratas moderados que desde a década de 90 se definem como Blue Dogs.
O presidente republicano da Câmara, Paul Ryan, concordou com este ponto. Ele argumentou que em outros lugares os democratas elegerão candidatos muito mais alinhados à esquerda do que Lamb. Ironizou e disse que o ganhador da Pensilvânia em todos os casos seria um conservador pró-vida, pró-armas e anti-Nancy Pelosi.
Seja como for, o resultado na Pensilvânia é um sinal de alarme para seu partido, concluíram os republicanos em uma reunião a portas fechadas, segundo uma fonte que esteve presente no encontro.
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