O senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que preside a
Comissão de Segurança Pública do Senado (CSP), participou da
abertura do seminário Segurança das Fronteiras Brasileiras no
Combate ao Tráfico de Drogas, nesta sexta-feira (19), em Brasiléia
(AC).Durante o evento, que contou com a participação de autoridades
brasileiras, peruanas e bolivianas, o ministro da Justiça, Flávio
Dino, fez a entrega de equipamentos de segurança à vice-governadora
do Acre, Mailza Gomes, e lançou a etapa dois do Programa Nacional
de Segurança e Cidadania (Pronasci). Os equipamentos doados, que
incluem viaturas, armamentos e drones, serão usados no combate ao
crime organizado na região amazônica.Na abertura do seminário — que
debateu ações de enfrentamento ao crime nas fronteiras do Arco
Norte brasileiro, que inclui os estados do Pará, Amapá, Roraima,
Amazonas e Acre —, Sérgio Petecão agradeceu a Flávio Dino pela
entrega dos equipamentos para o combate à criminalidade. Ele
apontou o aumento da violência no Acre e defendeu investimentos
para a segurança da região.— É melhor combater o tráfico de drogas
na fronteira do que combater nos morros do Rio de Janeiro e nas
favelas de São Paulo. Espero que o seminário possa ajudar o Acre. É
fácil? Claro que não é. O importante é que estamos todos aqui com
um objetivo, que é resgatar o que temos de mais nobre nesse estado:
a paz — afirmou.Flávio Dino defendeu a ampliação de “dois pilares
fundamentais de uma verdadeira política de segurança pública”, que
inclui presença e parceria do Estado e união. O ministro da Justiça
também pregou o fortalecimento de políticas de combate à violência
contra a mulher, além da ampliação dos recursos de apoio às forças
policiais do Acre.— Estou aqui para ouvir, aprender. Existe o saber
teórico, mas existe o saber empírico, o chão da realidade. Hoje
estou deixando aqui 20 viaturas policiais para a patrulha Maria da
Penha, além de armamento e equipamento em geral para essa
finalidade. Todas essas políticas aqui mencionadas têm o nosso
integral apoio financeiro e material nossa gratidão e
reconhecimento — afirmou.Mailza Gomes, que é ex-senadora, disse que
é impossível combater a violência no Acre sem a ajuda do governo
federal.— Nós precisamos da ajuda do governo federal. O Acre tem
suas diferenças, a fronteira tem suas peculiaridades, precisa de
atenção especial. A violência é seriíssima, não é só no Acre, é em
todo o Brasil, mas o Acre é tão pequeno, e as fronteiras são o
principal acesso pelo qual a violência chega ao nosso estado —
afirmou.FacçõesA prefeita de Brasiléia, Fernanda Hassem, agradeceu
a Flávio Dino — a quem repassou um documento com sugestões de
combate à violência — e a Sérgio Petecão pela entrega dos
equipamentos.— Quase 40% da nossa cidade é composta por área rural,
e as facções chegaram e estão organizadas, mas nós temos que
mostrar a nossa força, que a nossa organização é muito maior —
afirmou.Falando em nome do Ministério da Defesa, o brigadeiro André
Ferreira da Silva disse que a pasta atua no programa de proteção
integrada das fronteiras, por meio das operações Ágata, que
envolvem meios navais e aéreos.— A gente não se preocupa só com
combate aos crimes transfronteiriços, mas em realizar ações
cívico-sociais. Operamos de modo conjunto com interagências e de
modo singular com cada Força, conduzindo uma operação diariamente
por meio dos pelotões de fronteira. A questão da integração é
importantíssima, nossos modelos de operações conjuntas são todos
baseados em conflitos reais. A coordenação e a integração têm que
ser melhoradas em nosso país — afirmou.A superintendente da Polícia
Rodoviária Federal no Acre, Liege Lorenzett Vieira, defendeu a
construção de bases operacionais e aumento do quadro efetivo da
instituição para atuação no estado, além de fomento às ações
conjuntas e com partilhamento de informações, melhorias na
infraestrutura, fixação de efetivos na região de fronteira,
construção de unidades operacionais com cobertura de pista, canil
para operações com cães e aquisição de armamentos e viaturas
blindadas para atuação na BR-364 e na BR-317, que atravessam o
estado do Acre. Ela apontou ainda a atuação da PRF no combate à
criminalidade, ao tráfico de entorpecentes, aos crimes ambientais e
na apreensão de armas de fogo e madeira.Desmatamento zeroDiretor da
Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire Barros
disse que é hora de acabar com a destruição da região, citando meta
defendida pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva de índice zero
de desmatamento da Amazônia Legal em 2030.Barros ressaltou ainda
que a PF tem trabalhado com três eixos principais: o normativo, com
proposta de criação de nova legislação, além da atualização e
modernização de normas legais no controle da mineração; o
estruturante, com reaparelhamento de unidades existentes e melhoria
de infraestrutura; e o eixo operacional, com ações integradas
preventivas e repressivas, investigações compartilhadas e
cooperação policial internacional.O secretário-adjunto de Justiça e
Segurança do Acre, coronel Evandro Bezerra da Silva, disse que a
capilaridade de rios e ramais de estradas no estado apontam a
dificuldade de operar na região e representam um “caminho infinito”
para o tráfico de entorpecentes.Subcoordenador do Grupo Especial de
Fronteira, Rêmulo Diniz reforçou que os operadores que atuam na
região amazônica precisam ser capacitados e contar com
investimentos eficientes, visto que a rota criminosa na fronteira é
dinâmica, percorrendo rios e igarapés por onde escoam o contrabando
de cigarros e o tráfico de drogas.PesquisasO seminário também
contou com a participação de diversos especialistas, que
apresentaram dados e pesquisas sobre o tráfico de drogas
transfronteiriço.De acordo com os estudos apresentados, as áreas em
que há sobreposição de desmatamento e cultivo de cocaína tendem a
ser pequenas e fragmentadas. Nessas áreas, o avanço do desmatamento
é menor do que nas áreas onde não há produção da droga.Outros tipos
de atividades pressionam mais o desmatamento, como agricultura,
pecuária, mineração, rodovias e migração. Os impactos indiretos do
cultivo, processamento e tráfico de cocaína e maconha têm efeitos
no desmatamento. O narcodesmatamento, por sua vez, envolve a
lavagem de dinheiro das drogas em outras atividades, como aquisição
de terra, mineração e agricultura.