O ex-ministro de Relações Exteriores e professor emérito de Direito da USP, Celso Lafer, enviou uma carta ao atual chanceler, Mauro Vieira, criticando a decisão do Brasil de apoiar a acusação da África do Sul de genocídio contra Israel na Corte Internacional de Justiça, em Haia. Lafer argumenta que essa postura não condiz com a coerência da política externa brasileira, especialmente no que diz respeito ao Oriente Médio. Ele alega que a acusação sul-africana visa deslegitimar Israel internacionalmente, fortalecendo o antissemitismo, e destaca que a diplomacia brasileira deveria abordar questões de direito internacional com boa fé, considerando a intenção e amplitude do alegado genocídio.
Analistas concordam com Lafer, afirmando que a decisão do governo Lula da Silva representa uma divergência da posição tradicional da diplomacia brasileira no conflito árabe-israelense. Além disso, apontam que tal respaldo reforça a visão de Lula sobre a guerra e pode prejudicar a posição do Brasil como interlocutor válido para ambas as partes. O governo de Israel rebate a acusação sul-africana, alegando que o genocídio pressupõe a intenção de destruir um grupo, enquanto o Hamas prega a destruição de Israel. A audiência na CIJ, que trata da crise humanitária em Gaza, deve ter seu veredicto em breve, mas o tribunal carece de poder coercitivo para implementar decisões, dependendo do Conselho de Segurança da ONU.