Investigadores da Polícia Federal criticam a demora da atual cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em tomar medidas concretas contra servidores suspeitos de participar de um esquema de espionagem ilegal de autoridades. A investigação revela que dois servidores foram mantidos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva mesmo após uma sindicância interna da Abin, iniciada em agosto de 2021, ter apontado suas atividades suspeitas. Somente em outubro de 2023, após serem presos pela Polícia Federal, eles foram exonerados. As críticas recaem sobre a falta de ação do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Correa, diante dessa situação.
A investigação revela também que o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, reviu o entendimento sobre a legalidade do uso do sistema First Mile, capaz de monitorar a localização de pessoas por meio de seus celulares, dois anos após seu início. A Polícia Federal constatou que Ramagem abriu uma sindicância para investigar os servidores que teriam utilizado a ferramenta de forma ilegal, porém, minutos depois, ele concedeu uma licença para um dos servidores investigados. Ramagem, alvo das investigações da PF, nega as acusações e afirma que nunca teve acesso às senhas do sistema de monitoramento.
A atual gestão da Abin afirma estar colaborando com as investigações e ressalta que é a maior interessada na apuração rigorosa dos fatos. A demora na exoneração dos servidores suspeitos e a suposta interferência de Ramagem levantam questionamentos sobre a conduta da Agência Brasileira de Inteligência e sua gestão. A polêmica envolvendo a Abin paralela e as acusações de monitoramento ilegal de autoridades continuam sob investigação, envolvendo tanto a PF quanto o Supremo Tribunal Federal.