Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF) revela que as mulheres, em especial as mulheres negras e pardas, constituem o principal alvo da criminalidade na cidade do Rio de Janeiro. O estudo, que analisou as conexões entre diferentes tipos de crimes, perfil das vítimas e localização das ocorrências, utilizou uma ferramenta chamada redes complexas. Os resultados mostram que as mulheres sofreram 56,6% do total de crimes na cidade entre 2007 e 2018, sendo vítimas de 71,7% dos crimes de agressões. A maioria desses casos envolve mulheres jovens, na faixa etária de 20 a 40 anos, e mulheres negras ou pardas.
Os pesquisadores também identificaram que existem concentrações espaciais desses tipos de crimes, principalmente em áreas periféricas, como o extremo da zona oeste do Rio de Janeiro e o limite com a Baixada Fluminense. Além disso, o estudo ressalta que homens negros e pardos são mais sujeitos a crimes de homicídio, enquanto homens brancos de alta renda, que residem em áreas nobres da cidade, são mais vítimas de lesão corporal de trânsito. A pesquisa destaca a importância das questões de gênero e desigualdades sociais e raciais na compreensão da criminalidade urbana.
Esses resultados reforçam a necessidade de políticas públicas que enfrentem as desigualdades sociais e de gênero, visando a proteção das mulheres, especialmente das mulheres negras e pardas, e a promoção da segurança nas áreas mais vulneráveis da cidade do Rio de Janeiro. O estudo, publicado na Revista Brasileira de Gestão Urbana, destaca a importância de compreender as nuances específicas da criminalidade em diferentes regiões do mundo e ressalta a necessidade de pesquisas contínuas nessa área para subsidiar a elaboração de estratégias eficazes de combate à violência.