O governo exonerou Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho, delegado da Polícia Federal e coordenador de Aviação Operacional da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), devido à sua participação em um esquema de espionagem irregular. A exoneração de Carlos Afonso foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) e ocorreu após investigações que apontaram a possível instrumentalização da Abin para monitorar ilegalmente autoridades, pessoas envolvidas em investigações e desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro. O uso do software de geolocalização First Mile foi identificado como uma ferramenta utilizada para rastrear movimentações de pessoas através de seus celulares. A operação de investigação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), revelou que a alta gestão da Abin, incluindo Alexandre Ramagem e Carlos Afonso, interferiram nas apurações disciplinares para evitar a divulgação do esquema.
A investigação da Polícia Federal constatou que a possibilidade de revelar o uso irregular do sistema de monitoramento First Mile levou os gestores da Abin a anular um processo administrativo disciplinar relacionado ao assunto. Além disso, Ramagem e Afonso agiram para dar aparência de legalidade ao uso ilegal do software. A utilização do First Mile ocorreu entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. A operação Vigilância Aproximada, realizada no dia anterior à exoneração de Carlos Afonso, teve como um dos alvos o próprio Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo Rio de Janeiro. A ação busca desmantelar o esquema de espionagem e investigar a possível interferência da Abin em investigações e no monitoramento de autoridades.
Essa exoneração revela um grave caso de abuso de poder e violação da privacidade por parte da Agência Brasileira de Inteligência. As investigações apontam para a utilização indevida de tecnologias de monitoramento e a interferência da alta gestão da Abin para encobrir o esquema. O caso evidencia a necessidade de uma investigação aprofundada e de medidas efetivas para garantir a transparência e a legalidade nas atividades de órgãos de inteligência, protegendo os direitos individuais e preservando a integridade democrática do país.