A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia se recusou a registrar Boris Nadezhdin, o único candidato russo abertamente contrário a Vladimir Putin, para a eleição presidencial. A CEC alegou ter encontrado assinaturas falsas de Nadezhdin e seus apoiadores, incluindo nomes de pessoas falecidas. Nadezhdin, por sua vez, afirmou que não concordava com a decisão e que iria recorrer à Suprema Corte russa. Ele havia coletado mais de 200 mil assinaturas em todo o país, superando o mínimo necessário de 100 mil assinaturas de pelo menos 40 regiões.
A recusa de registro do candidato opositor reflete a intensa disputa política na Rússia em meio às eleições presidenciais de 2024. Enquanto Nadezhdin enfrenta obstáculos para concorrer, Putin optou por se candidatar como independente e já arrecadou mais de 3,5 milhões de assinaturas, ultrapassando o requisito de 300 mil assinaturas. O Kremlin minimizou Nadezhdin como um rival sério, expressando confiança na vitória esmagadora de Putin nas eleições. No entanto, Nadezhdin ganhou destaque por suas críticas contundentes ao Kremlin, principalmente em relação à guerra na Ucrânia, e suas promessas de libertar presos políticos e reverter a legislação anti-LGBTQIA+ em vigor no país.
A decisão da CEC e a subsequente batalha legal de Nadezhdin na Suprema Corte destacam as tensões políticas na Rússia e a restrição às vozes opositoras. Embora o governo russo argumente que Nadezhdin tem sido convidado para programas de televisão estatais que discutem a guerra, sugerindo uma aprovação tácita das autoridades, a crescente repressão aos críticos por parte do Kremlin levanta dúvidas sobre a liberdade política no país. Enquanto Putin busca concorrer a mais dois mandatos de seis anos, podendo permanecer no poder até 2036, a exclusão de Nadezhdin do processo eleitoral destaca os desafios enfrentados pelos opositores do atual presidente russo.