Galeria Nacional de Arte Moderna de Roma está exibindo uma exposição sobre autor de Senhor dos Anéis — e isso provocou uma polêmica no país. O Senhor dos Anéis se tornou um símbolo para a direita italiana ainda nos anos 1970
Uma inusitada exposição está em cartaz desde novembro na tradicional Galeria Nacional de Arte Moderna e Contemporânea, em Roma, dedicada originalmente às artes visuais
Em vez de telas ou esculturas, uma ala do museu está ocupada por objetos como um dicionário de dialetos ingleses antigos, uma escrivaninha cheia de papéis e um baú de viagem do século 19.
Trata-se da mostra Tolkien: Homem, Professor, Autor, que ficará exposta até 11 de fevereiro.
É uma homenagem ao escritor e professor universitário britânico John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973), conhecido como J.R.R. Tolkien e autor de livros famosos em todo o planeta, como O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
Poderia ser mais um caso de um museu que se abre para apresentar atrações populares e que transitam por diferentes meios — como, no caso, o universo do escritor e seus livros.
Mas o fato da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ter diversas vezes expressado sua admiração por Tolkien gerou questionamentos sobre a motivação da mostra no museu público, mantido pelo governo nacional.
Meloni é a principal liderança do Fratelli d’Italia, partido nacionalista e conservador.
Na origem do partido de direita estão ex-membros dos extintos Partido Nacional Fascista e Partido Republicano Fascista.
A primeira-ministra já se referiu a O Senhor dos Anéis como um livro sagrado.
Em sua autobiografia, Meloni relatou que, quando jovem, ela e outros ativistas do Movimento Social Italiano — fundado por veteranos fascistas — vestiam-se como os personagens da saga de Tolkien para alguns eventos.
Em 22 de setembro de 2022, no último evento da campanha que levaria Meloni ao posto máximo da política italiana, o ator Pino Insegno, dublador do personagem Aragorn na versão italiana da trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis, foi quem deu as boas-vindas a ela.
O ator fez um discurso adaptado de falas do personagem Aragorn.
Mas a admiração da obra de Tolkien pela direita italiana não é de agora e nem começou com Meloni: a tendência tem origem na década de 1970 e foi retomada na última década. Por quê?