Angela Merkel alcançou um acordo de princípio nesta sexta-feira para assumir um novo governo na Alemanha, com apoio dos social-democratas e a promessa de contribuir para um novo começo da Europa.
Ao fim de cinco dias de duras negociações e com uma última sessão de 24 horas ininterruptas em Berlim, a chanceler conservadora comemorou o compromisso alcançado, que permite a ela continuar no poder por mais quatro anos e tira a Alemanha de um impasse político inédito.
Ela disse almejar a formação de um governo estável.
As eleições legislativas de setembro, marcadas pelo insucesso dos partidos tradicionais e pelo avanço da extrema direita não permitiram formar uma maioria.
Depois do fracasso para formar uma coalizão majoritária com os ecologistas e os liberais, a chanceler ficou sem escolha: teve que fechar um acordo com o partido social-democrata SPD para não ameaçar sua carreira, após 12 anos na chancelaria.
O acordo de 28 páginas finalmente alcançado entre os democratas-cristão da CDU e da CSU e os social-democratas foi validado pelos três partidos. Contudo, o SPD alertou que, no fim, nossa base vai decidir, lembrando que o acordo precisava ser validado pelos militantes.
– Foco na Europa –
O documento traça as linhas principais do possível governo de coalização e deve abrir a via de negociações detalhadas da política que virá. Esse processo deve levar semanas.
Por ora, os dois grupos políticos, que já governaram juntos na última coalizão, deram destaque à Europa.
Merkel prometeu, em frente à imprensa, contribuir para um novo começo da Europa, ao lado da França, num contexto de fragilização do projeto Europeu devido ao Brexit e ao aumento das tendências nacionalistas na zona do euro.
O presidente francês Emmanuel Macron comemorou os avanços. Ele está à espera de uma resposta às propostas que fez no fim de setembro acerca principalmente de uma reforma da zona do euro.
Eu estou feliz e satisfeito que Merkel tenha conseguido avançar para um governo de coalizão, que será útil e é aguardado pela Europa e pela França, declarou ele, de Paris.
Mas nada ainda é definitivo. Por parte dos social-democratas, a decisão de entrar em um novo governo de coalizão com os conservadores ainda deve receber a luz verde dos delegados do partido durante um congresso extraordinário previsto para 21 de janeiro, cujo desenlace é incerto.
A base do SPD é muito cética acerca de trabalhar, novamente, para os conservadores.
No melhor dos casos, um novo Executivo será investido no final de março
– Superávit nos caixas públicos –
Almejando convencer os militantes, Martin Schulz chamou o resultado de formidável.
Ele não conseguiu tudo o que queria, no entanto, apesar da boa saúde da maior economia europeia, cujos fundos públicos nunca foram estiveram tão bem desde a reunificação, com superávit de mais de 38 bilhões de euros.
Os conservadores recusaram seu pedido de criar um seguro de saúde cidadão, uma espécie de previdência social para a qual todos devem contribuir, a fim de reduzir as discrepâncias entre os seguros públicos e privados.
O SPD tampouco conquistou o aumento da carga tributária sobre os mais ricos.
Em termos de política migratória, um ponto de discórdia há bastante tempo, os dois lados concordaram em limitar o número de refugiados à faixa entre 180 mil e 220 mil por ano – como os conservadores esperavam.
A Alemanha recebeu mais de 1 milhão de refugiados entre 2015 e 2016, o que rendeu muitas críticas a Merkel e permitiu a expansão da extrema direita.
Mesmo com o acordo, o contexto político é desfavorável, tanto para os democratas-cristãos, quanto para os social-democratas.
Sua aliança já foi chamada, na imprensa, de coalizão dos perdedores, porque ambos foram punidos nas legislativas de setembro. – BRASIL EM FOLHAS COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS – I3D 47155