O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Maurice Obstfeld, durante coletiva de imprensa sobre novo panorama econômico mundial na sede do Fundo em Washington, nos Estados Unidos, em 17 de abril de 2018
A economia americana vai se acelerar em 2018, devido à reforma fiscal recentemente aprovada, embora este mesmo fator seja responsável por frear a expansão a partir de 2019 – indicou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (17).
Em seu novo panorama econômico mundial, o FMI elevou levemente sua projeção de crescimento americano a 2,9% – um avanço de 0,2 ponto em relação à previsão que a entidade financeira tinha divulgado em janeiro passado.
Para 2019, a entidade financeira previu um crescimento de 2,7% (um aumento de 0,2% sobre janeiro).
Esse desempenho da economia americana experimentará de forma contínua, porém, um processo de desaceleração até aproximadamente 2,3%, estimou o Fundo.
De acordo com os especialistas do FMI, a reforma fiscal adotada em dezembro de 2017, com seus cortes maciços de impostos às grandes empresas, produzirá 1,2 ponto de crescimento do PIB até 2020.
Às reduções tributárias soma-se o forte aumento dos gastos, especialmente militares, e, a mais longo prazo, em infraestrutura.
– Riscos da reforma –
De acordo com o FMI, porém, a enorme reforma fiscal, somada a uma economia que opera praticamente em pleno potencial, também abre a porta para diversos riscos.
A política orçamentária americana, muito expansionista, chegará a um ponto em que o déficit em conta corrente (…) originará desequilíbrios no país, prevê o organismo.
A reforma fiscal, que beneficia empresas e grandes fortunas, também vai aprofundar as diferenças de renda e isso afetará o clima político e as opções políticas no futuro, apontou.
Ao mesmo tempo, a inflação americana deverá alcançar 2% neste ano e 2,5% em 2019, apontou o documento do FMI, que realiza o cálculo dos preços ao consumidor sem incluir os gastos de energia e alimentação.
O FMI também apontou que as recentes restrições a importações anunciadas pelos Estados Unidos e as represálias anunciadas pela China (…) geram preocupação e ameaçam afetar a atividade econômica, tanto nos EUA, quanto em nível global.
– Tensões com a China –
Enquanto isso, a política monetária deve se acelerar, e as taxas de juros alcançariam 2,5% no fim de 2018, para chegar a 3,5% em 2019, antes de recuar a cerca de 3% em 2022.
Esses níveis são mais elevados que a projeção do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), de 2,1% neste ano e de 2,9% no próximo.
Washington acusa o gigante asiático de práticas comerciais desleais e, por isso, impôs tarifas suplementares às importações de produtos chineses, em particular ao aço e ao alumínio.
Em resposta, o gigante asiático já anunciou represálias a produtos americanos, inclusive do sensível setor agrícola, como a soja.
Paralelamente, os Estados Unidos atravessam um difícil processo de negociação do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), que integra com México e Canadá.
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