Luiz Henrique Mandetta anunciou hoje pelas redes sociais que foi demitido do cargo de ministro da Saúde após uma série de embates com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A saída foi comunicada em uma breve reunião entre os dois no Palácio do Planalto, nesta tarde.
O próprio Mandetta confirmou em troca de mensagens com a jornalista Andréia Sadi, da Globo News, que seu substituto como titular da pasta será o oncologista Nelson Luiz Sperle Teich, que pela manhã teve uma reunião com Bolsonaro e outros ministros do governo.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar “
Hoje mais cedo, Mandetta revelou em um debate online que a troca na pasta aconteceria entre “hoje e amanhã”. “Eu sou a peça menor dessa engrenagem, eu escolhi muito bem a minha equipe”, afirmou pela manhã ao explicar, em tom de despedida, que o trabalho de combate continuará independentemente de quem assumir o seu cargo.
Choque de ideias com Bolsonaro
A demissão de Mandetta coloca fim em uma gestão marcada pelo embate com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o combate à pandemia ao novo coronavírus.
A retirada de Mandetta do governo, consumada hoje, já era esperada desde o início da semana passada. O protagonismo que Mandetta ganhou por liderar a atuação contra a covid-19 foi um dos pontos que incomodou Bolsonaro. A aprovação do ex-ministro era maior que a do presidente, segundo pesquisa Datafolha.
A recomendação irrestrita do presidente para o uso da cloroquina contra o novo coronavírus, apesar de ainda não haver comprovação científica sobre a eficácia, foi outro fator de faísca.
O presidente é a favor da tese de que a economia não pode parar e que apenas uma parcela da população deveria ficar em isolamento.
O presidente é a favor da tese de que a economia não pode parar e que apenas uma parcela da população deveria ficar em isolamento.
Mandetta sempre sustentou que não sairia do ministério por conta própria, mas apenas demitido. “Médico não abandona paciente”, costumava a a dizer em suas entrevistas coletivas.
Respaldado pela ala militar do governo em meio às crises com Bolsonaro, Mandetta viu seu apoio cair dentro do governo depois de, no último domingo (12), dar declarações em que fez críticas ao presidente durante uma entrevista ao Fantástico, da TV Globo.
Foi a gota d’água em uma relação que levou a atenção da população para questões políticas em meio a uma pandemia que, apenas em seu início, já matou mais de 1.500 pessoas no país, com mais 25 mil casos registrados.
Fonte: UOL/Folha com informações da Reuters
Imagem: Andressa Anholete/Getty Images e ADRIANO MACHADO