Segundo relata, protocolo de ventilação não-invasivo diminui o tempo de internação e riscos de contágio pelo novo coronavírus aos profissionais de saúde. Por meio da internet ele acompanha utilização do equipamento em outros estados, como Amazonas e Acre
O advogado aparecidense Ezízio Barbosa vem cobrando das autoridades públicas de Goiás, a utilização de um protocolo de ventilação não-invasivo chamado Vanessa. O equipamento, de acordo com o a advogado, é uma boa alternativa no tratamento de pacientes da Covid-19, além de diminuir riscos de contágio aos profissionais da saúde.
Vanessa, que tem esse nome devido a uma paciente que foi submetida à cápsula e conseguiu se recuperar, foi criada pelo Instituto Transire e Grupo Samel já está sendo utilizada em vários estados do Brasil. Ezizio lembra que entre os benefícios o aparelho diminui tempo de internação e pode evitar a intubação orotraqueal de vítimas do novo coronavírus.
Ao longo dos dois últimos dois meses, a pergunta que foi feita pelo advogado à Secretaria Estadual de Saúde (SES) é: “por que não agilizar a avaliação de um equipamento que pode salvar vidas, além de dar mais segurança aos profissionais da saúde, que vem constando como quase a metade dos infectados?”, questiona.
Ele ressalta que os hospitais destinados ao tratamento de pacientes acometidos pela Covid-19 ainda não atingiram a capacidade máxima de internação. “Será que vão esperar a situação ficar igual à de Manaus, com falta de equipamentos e pacientes morrendo sem terem um tratamento digno?”, cobra o advogado.
Segundo o advogado, o Instituto Transire e o Grupo Samel, além de doarem parte dos equipamentos até a constatação de sua eficácia, dão também o treinamento para os profissionais utilizarem a Cápsula Vanessa nas unidades de saúde. A técnica tem como objetivo limitar a dependência dos respiradores convencionais de forma mais barata e acessível.
Segundo conta o vice-presidente do Instituto Transire, Clemilton Gomes, o protocolo para o tratamento para pacientes da Covi-19 prevê a intubação imediata do infectado com sintomas graves. Essa agilidade é para impedir a dispersão de aerossóis – minúsculas gotículas de saliva –, espalhados quando o doente tosse, espirra ou até mesmo fala.
Para o vice-presidente do instituto, a Cápsula Vanessa é uma alternativa ao protocolo de intubação precoce do paciente, mantendo a segurança de médicos e enfermeiros, por exemplo. Por meio da proteção do plástico é possível evitar a dispersão dos aerossóis, desde que o quadro do paciente não se agrave ao ponto de a intubação ser obrigatória.
Outro ponto defendido pelo advogado é o valor de comercialização do equipamento. Enquanto respiradores convencionais chegam a custar R$ 6 mil nesse período de pandemia, a Cápsula Vanessa, modelo mais elaborado, é vendido por cerca de R$ 400.
Falta comprovação científica
Ainda que estados como Amazonas, Acre e Rondônia (e até outros países como a Bolívia) já estejam utilizando esse protocolo de ventilação não invasivo, autoridades em saúde alertam para os riscos. É que falta comprovação científica acerca dos benefícios e contraindicações.
Publicada em 15 de abril, uma nota conjunta da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva (Assobrafir) e Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp) apontam os potenciais riscos e redundâncias do projeto.
Texto da nota afirma que “não há estudos científicos que comprovem que a utilização de câmara, tendas e boxes para contenção de aerossóis durante a aplicação de oxigenioterapia suplementar e/ou uso de ventilação não-invasiva traga efetiva proteção para os profissionais de saúde envolvidos”.