Os motoristas do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia estão na linha de frente e diariamente nos ônibus da RMTC e tiveram um índice de infecção de apenas 7%, segundo dados apresentados semanalmente pelas empresas concessionárias do transporte público coletivo de Goiânia e região metropolitana e divulgados semanalmente no Boletim do Transporte Público. O índice é cerca de 80% menor que a taxa de contaminação geral da cidade que está entre 12 e 13%, segundo os números cruzados desde o início da pandemia e fechados no final de agosto pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) após pedido da CMTC. Segundo a secretária de Saúde, Fátima Mrué, não é possível provar que o transporte coletivo seja um vetor de contaminação.
Apesar de não haver nenhum indicativo ou estudo nacional ou internacional que aponte que o transporte coletivo seja um fator de contágio para a Covid-19, alguns cuidados podem ser tomados quando um passageiro decidir andar de ônibus. De acordo com a secretária Municipal de Saúde em Goiânia, Fátima Mrué, 40% da população na cidade não tem outra alternativa de transporte senão o transporte coletivo e, mesmo se todos tivessem, o que se veria seria o caos no trânsito na capital. Portanto, não é hora de vilanizar e sim, preservar para que o ‘novo normal’ seja instituído de forma segura.
Estudo feito pela Associação de Médicos do Texas (TMA) listou diversas atividades classificando-as com um grau de risco de zero a dez. Ir à praia, a um shopping ou levar os filhos à escola foram classificados como “grau de risco moderado”. Ir a um casamento, almoçar dentro de um restaurante além de viagens aéreas, “moderado-alto”. Idas à academia, estádios de futebol, cultos religiosos com mais de 500 pessoas, “alto-risco”. O transporte público coletivo sequer foi citado.
Em Porto Alegre, dados de agosto de 2020 indicam que a média de contaminação por coranavírus da população em geral é de 1,3%. Entre os colaboradores do transporte coletivo é 0,8%. Com zero óbitos em mais de 7.000 funcionários. Na capital gaúcha as empresas seguem o Protocolo Embarque Seguro semelhante ao instituído, no início de setembro, pela Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Centro-Oeste (Fetrasul): o Protocolo Transporte Seguro.
Cuidados constantes
Regis de Oliveira Ferreira, que trabalha na HP transportes há sete anos na região metropolitana de Goiânia acredita que devido a todas os protocolos de segurança adotados pela empresa que o índice de infecção entre os motoristas é tão baixo. “A utilização de máscara, as janelas dos veículos abertas durante o transporte das pessoas, a disposição do álcool em gel tanto nos ônibus quanto nos terminais e também os veículos serem desinfectados com produtos específicos para combater esse vírus”, comenta ele sobre algumas medidas de segurança.
Vale lembrar que alguns cuidados podem ser tomados quando o passageiro estiver utilizando o transporte coletivo. Em primeiro lugar, a pessoa já estará ciente que a circulação de ar nos veículos é naturalmente renovável pois as janelas dos ônibus sempre estão abertas, de modo que a utilização de máscaras é imprescindível não apenas quando o cliente estiver dentro do carro como também no Terminal ou Estação de integração, mesmo estas sendo, em sua maior parte, áreas abertas.
A OMS destaca, inclusive, que a utilização de máscaras é uma importante “barreira para gotículas potencialmente infecciosas.” Em Goiânia, desde junho deste ano, a utilização do acessório é regulamentada por lei e a pessoa que infringi-la está sujeita à multa. Apesar de imprescindível, a utilização de máscara por si só, não torna a pessoa imune à contaminação.
Valdecio Quirino Almeida, motorista da HP Transportes há cinco anos fala que a empresa viabilizou máscara para todos os colaboradores. “Eu trabalho graças a Deus com segurança, com a máscara, com álcool em gel e com os carros higienizados. Foram muito positivos os protocolos que a empresa adotou para os seus colaboradores e para a coletividade”, conclui Almeida.
As empresas da Região Metropolitana de Goiânia realizam a higienização dos veículos no intervalo de cada viagem e estão disponíveis ao usuário dispensers de álcool 70% em todos os Terminais, não dispensando a necessidade de que cada pessoa tenha seu frasco de álcool em gel. Dentro do ônibus, a orientação é evitar colocar as mãos no rosto, em especial, nos olhos, nariz e boca e sempre higienizar antes e depois de cada viagem. Evitar comer e fazer lanches nos terminais e durante as viagens e falar o mínimo possível dentro do trajeto.
Exemplos de sucesso
Em Hong Kong menos de um quarto da população possui carro próprio, uma cidade com aproximadamente 7.5 milhões de habitantes que realiza por dia 12 bilhões de viagens por meio do transporte público. De acordo com a revista norte-americana The Atlantic, Hong Kong registrou apenas 1.100 casos de covid-19 até o final de junho e em setembro o número chegou a mais de 4 mil. Nada indica até agora que o transporte público tenha sido um ponto de contágio para a doença. Medidas de segurança colaboraram: Hong Kong foi uma das primeiras cidades do mundo em adotar a utilização da máscara de proteção facial. Por isto, um protocolo sanitário voltado ao transporte coletivo é algo extremamente importante.
Em Goiânia, desde 2011, foi instituído e lançado o Cartão Fácil para pagamento das passagens que podem ser feitas nas máquinas de autoatendimento em qualquer Terminal. É fundamental a utilização deste serviço em tempos de pandemia, pois ele possibilita a menor circulação de moedas e cédulas de dinheiro.
Fotos: AGÊNCIA BENÍ