O governador Ronaldo Caiado (UB) sancionou a Lei nº 21.278, de 5 de abril de 2022, publicada no Diário Oficial, que reconhece o doce marmelada de Santa Luzia como patrimônio cultural e imaterial goiano. A conquista para Goiás é comemorada pelo deputado Coronel Adailton (PTRB), propositor do reconhecimento.
Segundo o parlamentar, o feito reforça a produção artesanal do doce como importante para fortalecimento da cultura goiana, além de ser um produto responsável pela geração de renda para famílias que tiram dela seu sustento.
Conforme o texto da propositura, protocolado sob nº 4477/21, que tramitou na Casa de Leis, toda a produção da marmelada de Santa Luzia é artesanal. O doce é feito em tachos de cobre e embalado em caixas de madeira, também produzidas de forma artesanal pelos próprios produtores.
Segundo eles, a embalagem é o segredo para aumentar a durabilidade do produto. A receita da marmelada e as plantações da matéria-prima passaram de geração a geração.
Tradição
No século 18, várias vilas foram criadas no interior de Goiás para a mineração de ouro, entre elas o Arraial de Santa Luzia, atual Luziânia. Como confirmam as histórias transmitidas por antepassados da geração atual, com o declínio da atividade, o proprietário da fazenda Mesquita, situada na região, abandonou o local. E nas terras deixadas para escravas alforriadas nasceu o Povoado de Mesquita, situado a 50 km da Capital Federal. O povoado abriga atualmente mais de 700 famílias na área rural.
Ali, essas mulheres formaram e criaram famílias, perpetuaram a cultura negra e passaram adiante suas tradições. As principais atividades desenvolvidas na região são a agricultura, a criação de gado e a produção de marmelada.
No Povoado de Mesquita, localizado no município de Cidade Ocidental (GO), área que já pertenceu ao município de Luziânia, é produzida a famosa marmelada de Santa Luzia, há mais de um século.
O doce, além de tradição, representa uma das principais fontes de renda para a região. Há mais de 20 anos, durante o mês de janeiro é celebrada a Festa do Marmelo, que atrai milhares de pessoas. A renda obtida com essa festa é destinada à construção do Santuário Nossa Senhora D’Abadia, no Povoado de Mesquisa. A iguaria também foi reconhecida pela Arca do Gosto, um catálogo mundial de produtos ameaçados de extinção.